DOSE PREVIDENCIÁRIA

A ARMADILHA INFINITA: COMO APOSENTADOS E SERVIDORES PÚBLICOS ESTÃO CAINDO NO CICLO VICIOSO DAS DÍVIDAS DE CARTÕES CONSIGNADOS

Imagem: Freepik
Em um cenário onde a estabilidade financeira já é uma batalha diária, aposentados e servidores públicos no Brasil enfrentam um adversário silencioso, mas devastador: o ciclo interminável de dívidas geradas por cartões de crédito consignados. A prática, embora legal quando aplicada corretamente, esconde armadilhas que muitos desconhecem.
A Reserva de Margem Consignável (RMC) e a Reserva de Margem para Cartão (RCC), que deveriam ser soluções financeiras justas, transformam-se em pesadelos quando manipuladas indevidamente pelos bancos. Sob o disfarce de um empréstimo consignado, muitos consumidores são surpreendidos ao descobrir que, na verdade, assinaram por um cartão de crédito consignado com taxas de juros astronômicas.
O coração da questão está na forma como os bancos apresentam esses produtos. Enquanto o cliente acredita estar contratando um empréstimo com juros baixos, ele é, sem saber, inscrito em um serviço com juros de cartão de crédito, significativamente mais altos. Essa prática tem um impacto devastador na vida financeira dos aposentados e servidores públicos, muitos dos quais vivem com rendimentos limitados.
Fernanda Reder, advogada especializada em direitos previdenciários e defesa do consumidor, alerta: ''É vital que os consumidores estejam atentos aos detalhes dos contratos e às deduções em seus contracheques. Muitas vezes, os descontos realizados sob a rubrica de RMC ou RCC são, na realidade, cobranças abusivas que perpetuam uma dívida impossível de ser quitada.''
Além disso, a falta de transparência na hora de informar o cliente sobre a natureza real do contrato é outro ponto crítico. "É obrigação do banco informar claramente sobre o tipo de operação financeira que o cliente está realizando", afirma Fernanda. "A ausência dessa informação clara e a falta de consentimento expresso do titular do benefício configuram práticas abusivas.
"Histórias de aposentados e servidores públicos enredados nessas dívidas se multiplicam por todo o país, gerando um ciclo de estresse e incerteza financeira. Contudo, há esperança. Fernanda Reder e sua equipe têm se dedicado a combater essas práticas, oferecendo orientação jurídica e representação para aqueles que se encontram nesta armadilha.
Esta situação não é apenas uma questão financeira; é uma questão de justiça e dignidade. A luta contra as práticas abusivas dos bancos é um passo crucial para garantir que aposentadorias e salários não sejam consumidos por dívidas infinitas, permitindo que nossos idosos e servidores públicos vivam com a tranquilidade que merecem.
Enquanto o debate sobre essas práticas continua, a mensagem para aposentados e servidores públicos é clara: esteja alerta, questione e, acima de tudo, busque ajuda qualificada. Sua saúde financeira e paz de espírito dependem disso.
Sobre a Autora: Dra. Fernanda Reder é Advogada Previdenciarista, OAB/RJ 146.152, ex-servidora do INSS com mais de 19 anos de experiência, atua no Brasil e no exterior.
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